Capital de Giro: O que é e como calcular?

como administrar e otimizar o capital de giro14108
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Todos os empresários sabem que a saúde financeira do negócio é fator fundamental para a sustentabilidade e crescimento da empresa. Quando as finanças não estão alinhadas, uma série de problemas aparecem, como por exemplo, déficit nas contas, falta de capital para investimentos e a necessidade de empréstimos bancários. E é neste cenário que surge o conceito de Capital de Giro, que pode ser entendido como a quantidade de dinheiro que a empresa precisa para operar regularmente.

Como o conceito nem sempre é de conhecimento de todos os empreendedores, muitas vezes é relevado o investimento no Capital de Giro o que acaba por piorar a situação financeira da empresa, para não ocorrer isso em sua empresa vamos verificar o que é e como calcular o Capital de Giro?

Vamos imaginar que estamos abrindo uma empresa agora! Uma pizzaria, quais são os investimentos que precisam ser feitos para a abertura. Precisamos de um Forno, das Amasseiras, Cilindros para abertura de massas, de um balcão, de utensílios domésticos e de um computador para captar pedidos. Será que falta algum investimento a mais? Falta! Falta o Investimento em Capital de Giro.

O que é Capital de Giro

O Capital de Giro é o valor que a empresa precisa para operar, para realizar a sua atividade econômica. Ele é representado pelos itens de consumo rápido na empresa.

Utilizando o exemplo da Pizzaria, quando abrirmos as portas dela precisaremos prontamente de ter farinha de trigo, queijos, massa de tomate e outros itens que compõem o cardápio, além disso é preciso contar com bebidas, refrigerantes e cerveja. Estes itens estarão no Estoque da Pizzaria.

As mercadorias em estoque, que são necessárias para que o empreendedor não falhe na hora que o cliente solicitar uma pizza no cardápio, é um dinheiro que está parado na empresa e até que o cliente não pague pela pizza, esse dinheiro parado precisa ser financiado por uma fonte.

Agora imagine que o cliente pediu a pizza, comeu, e no final pediu para pagar no cartão de crédito, o empreendedor sabe que na hora que ele passar aquele cartão, levará cerca de 30 dias para efetivamente receber o dinheiro, esse recebível que está contabilizado na conta de contas a receber também é um dinheiro parado e que precisa de financiamento.

Então percebemos que os itens que estão no Balanço Patrimonial, nas contas do Ativo Circulante, tais como Estoques e Contas a Receber, esses são investimentos necessários para que a empresa opere ou seja o Capital de Giro.

Uma dúvida que pode surgir neste momento... se estes itens são um investimento, quais são os recursos que financiam essa necessidade?

Existem várias fontes para financia-lo, mas temos aquela que é a natural, que se trata da fonte de recursos ligada a operação, os fornecedores. Então, supondo que aqueles itens de Estoque na Pizzaria foram comprados a prazo e ainda não foram pagos, não houve necessidade de financiamento do Capital de Giro. A conta de Fornecedores a Pagar no Balanço Patrimonial está no grupo de Passivo Circulante. Existem outras que contribuem nesse financiamento como as Contas a Pagar, Funcionários e Impostos a Recolher.

Para entender melhor a dinâmica do Capital de Giro é preciso conhecer os conceitos do Ciclo Operacional e do Ciclo Financeiro de uma empresa.

Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro

O conceito de ciclo operacional é bastante simples, ele é o intervalo de tempo gasto na execução de todas as atividades da empresa até o recebimento de suas vendas, então temos dentre as atividades, a compra de matéria prima, pagamento dos fornecedores, a estocagem, a produção a venda e o recebimento das vendas.

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Na figura 1 podemos observar que no ciclo operacional desta empresa tivemos compra de mercadorias e pagamento do fornecedor após 40 dias e o estoque, venda e recebimento das vendas em 60 dias.

Veremos através do ciclo financeiro a dimensão do impacto na empresa.

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O ciclo financeiro é o intervalo de tempo entre os eventos financeiros que ocorreram no ciclo operacional da empresa. Podemos observar na Figura 2 que houveram dois eventos financeiros, a saída de caixa pelo pagamento do fornecedor e a entrada de caixa pelo recebimento das vendas, entre estes transcorreram 20 dias. Esses 20 dias representam a Necessidade de Investimento de Capital de Giro da Empresa.

Quando há necessidade em Capital de Giro, a empresa precisa de recursos para financiar sua operação, estes recursos podem ser de empréstimos bancários, ou de recursos dos próprios sócios.

O inverso também pode acontecer, a saída de recursos com pagamento do fornecedor pode ocorrer após as entradas do recebimento das vendas e essa sobra de recursos normalmente é alocada no Caixa da empresa.

Muitos empresários já tiveram dificuldades na empresa por causa desta situação, sobra de Capital de Giro, acredite!

Isso pois os recursos em Caixa dão a falsa impressão que a empresa pode distribuir lucros, fazer investimentos em imobilizados ou utiliza-los de outras formas, e quando chega a hora de pagar fornecedores não há recursos. Por isso é tão importante acompanhar os relatórios contábeis, pois eles poderão dar a dimensão real do que está ocorrendo com a empresa.

Como fazer o cálculo do Capital de Giro?

Falamos dos ciclos operacional e financeiros, e eles deram a dimensão do Capital de Giro em dias, mas é possível fazer o cálculo transformando os dias em valores monetários e facilitando a gestão financeira.

Para isso é preciso identificar as variáveis e contas que estão relacionadas a operação da empresa.

Começamos pelo ativo circulante, ou seja, os valores relacionados às contas a receber, o estoque, os adiantamentos entre outros, de acordo com o mercado que a empresa atua.

As contas do ativo são considerados investimentos, portanto quanto maiores forem, maior o prazo médio e mais recursos a empresa precisará para cobrir esse investimento, enquanto ele não se transforma em dinheiro.

Por outro lado, é preciso também considerar o passivo circulante, ou seja, as contas a pagar, os fornecedores, folha de pagamento, aluguel, impostos e demais despesas.

Os valores no Passivo são fontes de recursos, portanto quanto maiores forem, menor será a necessidade de investimento em Capital de Giro. Essas fontes são operacionais, e desde que não se tenha um custo elevado de ampliação dos prazos é saudável se financiar desta forma.

Como todos esses fatores apresentam grande variação, é importante realizar o cálculo do Capital de Giro com frequência e, assim, monitorar a situação da empresa, evitando surpresas e resultados negativos. Vale ressaltar, que o fluxo de caixa está diretamente ligado a esses fatores.

A fórmula para o cálculo é simples, para calcular o Capital de Giro líquido (CGL), basta somar os Ativos Circulantes (Investimentos) e reduzir os Passivos Circulantes (Fonte de Recursos).

CGL = AC – PC.

“AC ” é o ativo circulante e “PC” corresponde ao passivo circulante.

Caso tenha dúvidas nas contas do Balanço Patrimonial que compõem os Ativos e Passivos Circulantes para fins de calculo do Capital de Giro, consulte o seu contador, ele poderá ajudar.

Como o Capital de Giro deve ser utilizado?

Além de calcular corretamente o Capital de Giro da empresa, é necessário saber utilizar esse recurso de forma assertiva. Para isso, é importante reforçar que o Capital de Giro é o valor que a empresa possui para pagar as despesas operacionais do dia a dia, sejam elas despesas fixas ou gastos necessários a manutenção da operação.

Entendendo os valores da necessidade de Capital de Giro e qual é a dinâmica do Ciclo Operacional da empresa é possível fazer uma ótima gestão.

Qual a importância da gestão do Capital de Giro?

Falhas na gestão do Capital de Giro e das finanças da empresa, fazem com que o empresário tenha que captar recursos adicionais, o que normalmente acontece através de empréstimos bancários (que trabalham com altas taxas de juros!). Porém, essa situação é de risco, já que o Capital de Giro deve cobrir despesas rotineiras e, exatamente por isso, deve ser suprido com os próprios recursos da empresa. Não é adequado aumentar o nível de endividamento para financiar a operação. Empréstimos devem ser tomados para outras finalidades, como para investimentos em novos projetos, expansão e crescimento do negócio.

Existem aspectos que influenciam diretamente neste cálculo, como a redução das vendas, o crescimento da inadimplência, o aumento de custos e desperdícios. A adoção de alguns controles rigorosos pode colaborar para uma gestão otimizada e prevenir a insuficiência do Capital de Giro. É crucial ter uma administração clara sobre os inadimplentes, renegociar dívidas, estabelecer processos financeiros para a empresa, conhecer profundamente fluxo de caixa, os prazos de pagamento, a circulação dos estoques, além de manter uma política de redução de custos e despesas.

Possuir relatórios contábeis periódicos vão ajudar a fazer um monitoramento constante do Capital de Giro, e adotando medidas de correção é possível realizar uma gestão mais efetiva, garantindo a saúde financeira da empresa e ampliando as chances de sucesso do negócio.

E então, a sua empresa já faz esse cálculo? Você também acredita na importância dele? Compartilhe a sua opinião através dos comentários e, em casos de dúvidas, também não deixe de entrar em contato com a gente!